Com mão-de-obra especializada, de alta qualidade e de baixo custo, os países latino-americanos começaram a ganhar terreno na exportação de palestrantes, tanto para outros países da região quanto para países europeus.
Por Richard Santa S.
Embora em termos de tecnologia os países da América Latina tenham desempenhado um papel de importadores de empresas asiáticas, que são as que lideraram a fabricação desses produtos, hoje os primeiros começaram a ganhar terreno.
Essa situação se reflete no comércio de palestrantes e amplificadores, ao comparar os relatórios do portal de dados estatísticos Datamyne.com para Argentina, Brasil, Colômbia e México nos períodos de 2009, 2010 e os primeiros cinco meses de 2011.
Enquanto Brasil e México exportam esses produtos, principalmente para países asiáticos, Colômbia e Argentina fazem mais isso para países da região como Costa Rica, Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil.
Por outro lado, em termos de importações, os quatro países analisados fazem compras de alto-falantes e amplificadores em grande porcentagem de países asiáticos como China, Malásia, Taiwan e Hong Kong, e em outra porcentagem dos Estados Unidos.
Crescimento sustentado
México e Brasil são dois dos países sul-americanos que nas últimas décadas têm se destacado pelo desenvolvimento industrial e crescimento econômico, são também os que mais exportam palestrantes e amplificadores.
Dos quatro países analisados, o México é o que lidera as exportações em número de unidades em relação aos demais. Em 2009, vendeu ao exterior cerca de 3,29 milhões de unidades, o equivalente a US$ 125.347.304.
Para 2010, o número de unidades subiu para 4,55 milhões, no valor de US$ 185.111.924 e nos quatro primeiros meses de 2011, período entre janeiro e abril, já havia exportado 1,7 milhão de unidades no valor de US$ 71.342.283.
Seu principal mercado é os Estados Unidos, país para o qual envia pouco mais de 80% dos alto-falantes e amplificadores. Segue-se a Alemanha, país que tem mostrado crescimento nos últimos anos: em 2009 foi de 5,32%, em 2010 subiu para 8,64% e nos quatro primeiros meses de 2011 foi de 12%.
As unidades anuais que o Brasil exporta, embora sejam poucas, tiveram um aumento significativo nos últimos anos e têm como principais parceiros os países da América.
Em 2009, exportou 1.919 alto-falantes e amplificadores, que custaram US$ 739.798 e como principais parceiros para o México, com 33,92%, Estados Unidos com 9,24% e Colômbia 7,25%. O resto está espalhado por um grande número de países com percentuais muito pequenos.
Em 2010, o comportamento variou em termos de países de destino. O número total de unidades exportadas subiu para 3.202, ao custo de US$ 958.124. O principal destino foram os Estados Unidos, com 19,46%, o México caiu para 18,05% e a Colômbia subiu para 12,46%.
Entre janeiro e maio de 2011, a tendência continua. O Brasil exportou 1.939 unidades por US$ 715.557. Os Estados Unidos receberam 26% do total, a Colômbia 13,67% e o México, 5,16%.
Colômbia e Argentina são dois países que também viram seu pequeno mercado de exportação para falantes e amplificadores crescerem. A primeira passou de 9 unidades em 2009 para 339 em 2010, enquanto a segunda passou de 42 em 2009 para 50 em 2010.
Opinião do setor
O desenvolvimento e criação de produtos tecnológicos sempre busca mão-de-obra qualificada e econômica, características fornecidas pelos países latinos. Essa seria uma das explicações para o crescimento do mercado de palestrantes nos países da região, segundo Nelson Canter, vice-gerente da empresa Soundesign Ltda.
Ele indicou que "É um longo processo que vem se formando e, no caso específico da Colômbia, é uma grande conquista que isso aconteça. Esta indústria ganhou grande força na América Latina, e os fabricantes de alto-falantes nesta região estão ganhando participação de mercado no mundo com produtos de alta qualidade que os fabricantes tradicionais."
Outro fator que tem permitido o aumento das exportações de equipamentos de som pelos países latino-americanos são os acordos de livre comércio.
"É evidente que sem esse tipo de incentivo é difícil entrar em mercados tão competitivos quanto europeus ou asiáticos. Graças a esses tratados, há uma redução dos impostos a serem pagos e, assim, poder ter acesso a mais e melhores produtos no mercado", disse Nelson Canter.
Compras, na Ásia
Com exceção do México, que tem como principal parceiro para a compra de alto-falantes e amplificadores dos Estados Unidos, as importações dos países analisados vêm de países asiáticos, principalmente da China.
Havia 4,1 milhões de unidades com um valor de US$ 121.503.341, que o México comprou em 2009. Para 2010, esses números tiveram um aumento significativo nas unidades, que atingiram 226.042.872 e custaram US$ 162.605.823.
Como mencionado, os Estados Unidos são os principais vendedores de alto-falantes e amplificadores para o México, com 55,76% do mercado total em 2009 e com percentual semelhante para o ano seguinte. Os outros países com percentuais significativos durante 2009 são a China, com 18,39%, e a Tailândia, com 7,1%.
No caso do Brasil, as importações diminuíram em quantidade, mas aumentaram no valor pago. Enquanto em 2009 foram 1,81 milhão de unidades, que custaram US$ 6.967.505, para 2010 as unidades foram de 1,24 milhão com pagamento de US$ 8.532.885.
Os países dos quais o Brasil comprou em 2009 foram a China, com 95,69%, Hong Kong com 2,3% e Taiwan com 0,66%. No ano seguinte, as compras da China caíram para 88,81% do total, hong kong 6,8% e Taiwan 1,01%.
Nos primeiros cinco meses deste ano, o Brasil pagou US$ 4.256.346 para 331.351 unidades de alto-falantes e amplificadores. 90,92% deles vieram da China, 2,48% de Taiwan e 2,25% de Hong Kong.
Mercado com potencial
Em comparação com o Brasil e o México, os mercados da Argentina e da Colômbia são muito pequenos, mas são uma grande oportunidade de crescimento para a indústria de AV.
Para a Colômbia, seu principal fornecedor de amplificadores e alto-falantes é a China. Das 37.212 unidades pelas quais pagou US$ 1.806.785,72 em 2009, 78,21% eram da China, 5,72% de Taiwan e 4,98% de Hong Kong.
Em 2010, as unidades aumentaram para 57.582, com um valor de US$ 2.294.746. Destes, 88,95% eram da China, que aumentou sua participação no mercado colombiano em 10%, com Taiwan sendo a mais afetada, perdendo este mercado, e Hong Kong, que caiu para 2,32%.
E nos primeiros quatro meses deste ano, as importações de palestrantes da Colômbia atingiram 15.484 unidades com um valor de US$ 726.938, continuando a tendência de relacionamento comercial com países asiáticos vista em anos anteriores.
A Argentina também tem uma relação próxima com a China. O percentual que este último o vende em termos de alto-falantes e amplificadores nos últimos três anos excede 95%.
Em 2009, os argentinos compraram 165.654 palestrantes por US$ 4.838.284. Para 2010, eles diminuíram em unidades, mas aumentaram de preço, foram 126.250 unidades por US$ 5.015.232. Nos primeiros cinco meses deste ano, importou 59.242 unidades por US$ 2.007.684.
Nelson Canter explicou que a indústria espera que nos próximos anos um mercado consolidado e forte seja alcançado para exportar cada vez mais produtos, apoiados por tratados e pela mudança na legislação tributária.
Por fim, ele disse que "Em um mercado onde alguns produtos de origem asiática não são mais considerados como uma opção, a América Latina em geral deve aproveitar e lançar produtos que estão em desenvolvimento há longos anos, e que permitam o acesso ao mercado mundial com qualidade e preço".